Uma porta aberta <br>para os trabalhadores
Seis anos depois do incêndio que o destruiu, o Centro de Trabalho do PCP de Viana do Castelo reabriu as suas portas. A inauguração realizou-se no sábado, com a participação de Jerónimo de Sousa.
A reabertura do CT mostra a capacidade do PCP resistir e avançar
«Isto vai, meus amigos, isto vai/ um passo atrás são sempre dois em frente/ e um povo verdadeiro não se trai/ não quer gente mais gente que outra gente.» O poema de José Carlos Ary dos Santos, O Futuro, está gravado na placa de mármore colocada no logradouro interior do Centro de Trabalho do PCP de Viana do Castelo. A placa foi descerrada pelo secretário-geral do PCP no passado sábado, perante a emoção geral.
As palavras do poeta não se podiam adequar melhor à situação: seis anos depois de ter sido destruído por um violento incêndio, o Centro de Trabalho reabriu e os comunistas de Viana do Castelo regressaram à sua casa. E estavam felizes por isso.
No comício realizado na rua, em frente ao edifício, Jerónimo de Sousa lembrou o dia fatídico de 12 de Agosto de 2000: «O incêndio que destruiu este Centro de Trabalho doeu-nos muito.» Referindo-se aos seis anos que se seguiram, realçou que «foi preciso muito esforço» até se chegar à reabertura do Centro de Trabalho. Mas, prosseguiu, «aqui está uma prova da nossa capacidade não apenas de resistir mas de construir».
Para o dirigente comunista, o processo de angariação de fundos para as obras revelam outra particularidade do PCP. «Num momento em que a generalidade dos trabalhadores atravessa sérias dificuldades económicas», Jerónimo de Sousa considera ter um grande significado que o Partido, que depende exclusivamente da contribuição de camaradas e amigos, realize esta inauguração. «Quantas e quantas vezes, conhecendo derrotas e recuos, muitos foram aqueles que pensaram que o PCP ia definhar, ficar residual, desaparecer. Esta iniciativa mostra que não é assim e é mais uma prova de que é possível crescer e avançar.»
Reafirmando que «as derrotas não nos desanimam e as vitórias não nos descansam», o secretário-geral do Partido lembrou a vitória alcançada com a reabertura do Centro de Trabalho. E apelou à participação de todos na jornada de luta do próximo dia 12 de Outubro.
Condições para crescer
«Não nos vamos encerrar dentro das paredes deste Centro de Trabalho», afirmou Jerónimo de Sousa. Lembrando que «temos necessidade de organização, da reunião, da nossa discussão interna», o dirigente do PCP realçou: «Este Centro de Trabalho deve ter a porta aberta para a população, para os trabalhadores, já que o distrito apresenta problemas de fundo que precisam da contribuição dos comunistas.»
Em sua opinião, há que fazer deste local um «centro de irradiação do nosso trabalho de organização e da nossa intervenção política junto dos trabalhadores e da população do distrito». O CT, prosseguiu, serve para organizar os militantes comunistas mas sempre «com uma grande ligação à vida».
Para o secretário-geral do Partido, «aqueles que falam da possibilidade do nosso desaparecimento nunca perceberam que o “segredo” deste Partido não é que sejamos sobrenaturais, nem seres superiores. Nada disso». É outra coisa, confessou: «É a sua ligação ao povo e aos trabalhadores, às suas aspirações e aos seus interesses.»
«Estamos num bom momento», afirmou o dirigente do PCP. Desde Março de 2005, prosseguiu, entraram para o Partido 4 mil novos militantes, 36 por cento dos quais com menos de 30 anos. Para a JCP entraram mil desde o ano passado, acrescentou. É possível avançar, destacou.
Antes do secretário-geral, Manuel Almeida, do Executivo da Direcção da Organização Regional de Viana do Castelo do PCP afirmou que «com as condições de trabalho que as novas instalações nos proporcionam temos mais condições para reforçar a organização e intervenção do Partido, temos um bom instrumento para o aumento da nossa influência». Este é, confessou, outro sonho da organização de Viana do Castelo, no dia em que viu um dos seus maiores sonhos se tornar realidade.
Um dia feliz
O Centro de Trabalho do PCP em Viana do Castelo localiza-se numa rua histórica da cidade. A sua cor azul faz com que se destaque dos restantes edifícios. Reconstruído de raiz no mesmo local onde se encontrava a anterior sede, o CT do Partido é um edifício moderno, muito embora respeitando, no essencial, o traçado original.
O rés-do-chão será ocupado por lojas e os dois últimos por escritórios particulares. No primeiro andar funcionará a sede da DORVIC e da Comissão Concelhia de Viana do Castelo. Há salas de reuniões e gabinetes de trabalho. Cá em baixo, para lá do pátio interior, um salão poderá albergar plenários, assembleias e mesmo iniciativas culturais.
Mas no passado sábado o Centro de Trabalho pareceu pequeno. De todo o distrito e de várias regiões do País veio gente partilhar a alegria de um dia feliz. O reforço do Partido tinha naquela iniciativa um momento particularmente visível. De alguns rostos caíam lágrimas.
A festa começou antes da hora marcada. Pelas ruas de Viana andava o grupo de bombos «Amigos de Vila Fria» e o coral alentejano do Clube Recreativo do Feijó, em Almada. Depois do comício e da inauguração «propriamente dita», prosseguiu a festa, noite fora.
Antes do jantar, servido num conhecido restaurante da região, um rancho folclórico animou os presentes. Depois foi a vez dos cantares de intervenção. Após os discursos, de Raimundo Cabral e Jerónimo de Sousa, a música popular prosseguiu. O que o Avante! não conseguiu descobrir foi a hora do fim da festa. Talvez continue ainda…
Solidariedade e dedicação
A reconstrução do Centro de Trabalho de Viana do Castelo começou no próprio dia do incêndio, em Agosto de 2000, contaram ao Avante! Raimundo Cabral e Manuel Almeida, dirigentes regionais do Partido.
Raimundo Cabral, membro do Comité Central do PCP e responsável pela Organização Regional de Viana do Castelo, considera que a inauguração do Centro de Trabalho é um momento muito importante na vida do Partido na região. Nos últimos anos, a organização do Partido atravessou momentos muito difíceis e sofreu sérios recuos, tanto ao nível orgânico como eleitoral. Muita gente perdeu a confiança, conta o dirigente do PCP.
«Na inauguração do Centro de Trabalho esteve presente muita gente que não tinha abandonado o Partido mas que estava muito recuada», lembra Raimundo Cabral. Com este acto, prosseguiu, muitos verificam que é possível «ultrapassar as dificuldades e os retrocessos que tivemos». E esta confiança só pode trazer resultados políticos, confia. «Não só no imediato mas também em termos de organização e intervenção do Partido.»
A reabertura do Centro de Trabalho é, também, um primeiro passo para reconquistar muita da confiança perdida, considera o membro do Comité Central. Mas, alerta, isto não chega. Uma vez inaugurado, é necessário dar-lhe vida e abri-lo aos trabalhadores e à população.
Vizinhança solidária
Manuel Almeida, da DORVIC, considera que a reconstrução do Centro de Trabalho começou logo no próprio dia do incêndio, a 12 de Agosto de 2000. «Andaram camaradas no meio dos escombros. Uns com fitas métricas, outros a recuperar o material que se estragou e outros ainda com a preocupação de apanhar os ficheiros.» Ainda as chamas mal tinham acabado de consumir o edifício e já o sonho de o ver reaberto tomava forma.
O impacto do incêndio fez-se sentir muito para lá das fronteiras do PCP. «Era a rua, a cidade, uma multidão de gente preocupada com o incêndio e criou-se uma onda de solidariedade», lembra Manuel Almeida: No dia do fogo os vizinhos e os comerciantes da rua reuniram-se e, dias depois, entregaram 250 contos ao Partido.
«A dor também era deles», explica o dirigente comunista. O Centro de Trabalho do PCP em Viana do Castelo era como «outra casa qualquer daquela rua, como uma casa de família». E assim continuará a ser, acredita.
Objectivo: reconstruir
Depois do incêndio ter destruído o Centro de Trabalho do Partido, grande parte das atenções da organização regional centraram-se no objectivo de conseguir dinheiro para fazer as obras e reabrir a sede. Traçaram-se metas de recolha de fundos, fizeram-se jantares, festas e arraiais.
De todas as iniciativas realizadas, Manuel Almeida destaca as exposições e os leilões de obras de arte. Centenas de artistas, conta o membro da DORVIC, ofereceram ao Partido as suas obras. Entre as quais um «desenho da prisão» original, cedido por Álvaro Cunhal, e um desenho em papel vegetal feito pelo famoso arquitecto brasileiro Oscar Niemeier.
Apesar do sucesso da campanha de fundos (angariou-se cerca de 24 mil contos), o processo de reabertura do Centro de Trabalho «foi-se arrastando», conta Manuel Almeida. Foi necessário pagar as eleições autárquicas de 2001 e adquirir um armazém para instalar a tipografia. Somando processos com a autarquia e problemas com o IPPAR, as obras apenas se iniciaram em Outubro de 2004.
Mas o dinheiro disponível era ainda insuficiente e foi necessário tomar medidas «duras para todos». E optou-se por vender o segundo andar a particulares. Mas, frisou, «continuamos a ter duas lojas no rés-do-chão, para alugar, e o pátio interior é para uso exclusivo do Partido, bem como o pavilhão de trás». O primeiro andar tem três gabinetes de trabalho e «uma boa sala de reuniões», realça o dirigente comunista.
As palavras do poeta não se podiam adequar melhor à situação: seis anos depois de ter sido destruído por um violento incêndio, o Centro de Trabalho reabriu e os comunistas de Viana do Castelo regressaram à sua casa. E estavam felizes por isso.
No comício realizado na rua, em frente ao edifício, Jerónimo de Sousa lembrou o dia fatídico de 12 de Agosto de 2000: «O incêndio que destruiu este Centro de Trabalho doeu-nos muito.» Referindo-se aos seis anos que se seguiram, realçou que «foi preciso muito esforço» até se chegar à reabertura do Centro de Trabalho. Mas, prosseguiu, «aqui está uma prova da nossa capacidade não apenas de resistir mas de construir».
Para o dirigente comunista, o processo de angariação de fundos para as obras revelam outra particularidade do PCP. «Num momento em que a generalidade dos trabalhadores atravessa sérias dificuldades económicas», Jerónimo de Sousa considera ter um grande significado que o Partido, que depende exclusivamente da contribuição de camaradas e amigos, realize esta inauguração. «Quantas e quantas vezes, conhecendo derrotas e recuos, muitos foram aqueles que pensaram que o PCP ia definhar, ficar residual, desaparecer. Esta iniciativa mostra que não é assim e é mais uma prova de que é possível crescer e avançar.»
Reafirmando que «as derrotas não nos desanimam e as vitórias não nos descansam», o secretário-geral do Partido lembrou a vitória alcançada com a reabertura do Centro de Trabalho. E apelou à participação de todos na jornada de luta do próximo dia 12 de Outubro.
Condições para crescer
«Não nos vamos encerrar dentro das paredes deste Centro de Trabalho», afirmou Jerónimo de Sousa. Lembrando que «temos necessidade de organização, da reunião, da nossa discussão interna», o dirigente do PCP realçou: «Este Centro de Trabalho deve ter a porta aberta para a população, para os trabalhadores, já que o distrito apresenta problemas de fundo que precisam da contribuição dos comunistas.»
Em sua opinião, há que fazer deste local um «centro de irradiação do nosso trabalho de organização e da nossa intervenção política junto dos trabalhadores e da população do distrito». O CT, prosseguiu, serve para organizar os militantes comunistas mas sempre «com uma grande ligação à vida».
Para o secretário-geral do Partido, «aqueles que falam da possibilidade do nosso desaparecimento nunca perceberam que o “segredo” deste Partido não é que sejamos sobrenaturais, nem seres superiores. Nada disso». É outra coisa, confessou: «É a sua ligação ao povo e aos trabalhadores, às suas aspirações e aos seus interesses.»
«Estamos num bom momento», afirmou o dirigente do PCP. Desde Março de 2005, prosseguiu, entraram para o Partido 4 mil novos militantes, 36 por cento dos quais com menos de 30 anos. Para a JCP entraram mil desde o ano passado, acrescentou. É possível avançar, destacou.
Antes do secretário-geral, Manuel Almeida, do Executivo da Direcção da Organização Regional de Viana do Castelo do PCP afirmou que «com as condições de trabalho que as novas instalações nos proporcionam temos mais condições para reforçar a organização e intervenção do Partido, temos um bom instrumento para o aumento da nossa influência». Este é, confessou, outro sonho da organização de Viana do Castelo, no dia em que viu um dos seus maiores sonhos se tornar realidade.
Um dia feliz
O Centro de Trabalho do PCP em Viana do Castelo localiza-se numa rua histórica da cidade. A sua cor azul faz com que se destaque dos restantes edifícios. Reconstruído de raiz no mesmo local onde se encontrava a anterior sede, o CT do Partido é um edifício moderno, muito embora respeitando, no essencial, o traçado original.
O rés-do-chão será ocupado por lojas e os dois últimos por escritórios particulares. No primeiro andar funcionará a sede da DORVIC e da Comissão Concelhia de Viana do Castelo. Há salas de reuniões e gabinetes de trabalho. Cá em baixo, para lá do pátio interior, um salão poderá albergar plenários, assembleias e mesmo iniciativas culturais.
Mas no passado sábado o Centro de Trabalho pareceu pequeno. De todo o distrito e de várias regiões do País veio gente partilhar a alegria de um dia feliz. O reforço do Partido tinha naquela iniciativa um momento particularmente visível. De alguns rostos caíam lágrimas.
A festa começou antes da hora marcada. Pelas ruas de Viana andava o grupo de bombos «Amigos de Vila Fria» e o coral alentejano do Clube Recreativo do Feijó, em Almada. Depois do comício e da inauguração «propriamente dita», prosseguiu a festa, noite fora.
Antes do jantar, servido num conhecido restaurante da região, um rancho folclórico animou os presentes. Depois foi a vez dos cantares de intervenção. Após os discursos, de Raimundo Cabral e Jerónimo de Sousa, a música popular prosseguiu. O que o Avante! não conseguiu descobrir foi a hora do fim da festa. Talvez continue ainda…
Solidariedade e dedicação
A reconstrução do Centro de Trabalho de Viana do Castelo começou no próprio dia do incêndio, em Agosto de 2000, contaram ao Avante! Raimundo Cabral e Manuel Almeida, dirigentes regionais do Partido.
Raimundo Cabral, membro do Comité Central do PCP e responsável pela Organização Regional de Viana do Castelo, considera que a inauguração do Centro de Trabalho é um momento muito importante na vida do Partido na região. Nos últimos anos, a organização do Partido atravessou momentos muito difíceis e sofreu sérios recuos, tanto ao nível orgânico como eleitoral. Muita gente perdeu a confiança, conta o dirigente do PCP.
«Na inauguração do Centro de Trabalho esteve presente muita gente que não tinha abandonado o Partido mas que estava muito recuada», lembra Raimundo Cabral. Com este acto, prosseguiu, muitos verificam que é possível «ultrapassar as dificuldades e os retrocessos que tivemos». E esta confiança só pode trazer resultados políticos, confia. «Não só no imediato mas também em termos de organização e intervenção do Partido.»
A reabertura do Centro de Trabalho é, também, um primeiro passo para reconquistar muita da confiança perdida, considera o membro do Comité Central. Mas, alerta, isto não chega. Uma vez inaugurado, é necessário dar-lhe vida e abri-lo aos trabalhadores e à população.
Vizinhança solidária
Manuel Almeida, da DORVIC, considera que a reconstrução do Centro de Trabalho começou logo no próprio dia do incêndio, a 12 de Agosto de 2000. «Andaram camaradas no meio dos escombros. Uns com fitas métricas, outros a recuperar o material que se estragou e outros ainda com a preocupação de apanhar os ficheiros.» Ainda as chamas mal tinham acabado de consumir o edifício e já o sonho de o ver reaberto tomava forma.
O impacto do incêndio fez-se sentir muito para lá das fronteiras do PCP. «Era a rua, a cidade, uma multidão de gente preocupada com o incêndio e criou-se uma onda de solidariedade», lembra Manuel Almeida: No dia do fogo os vizinhos e os comerciantes da rua reuniram-se e, dias depois, entregaram 250 contos ao Partido.
«A dor também era deles», explica o dirigente comunista. O Centro de Trabalho do PCP em Viana do Castelo era como «outra casa qualquer daquela rua, como uma casa de família». E assim continuará a ser, acredita.
Objectivo: reconstruir
Depois do incêndio ter destruído o Centro de Trabalho do Partido, grande parte das atenções da organização regional centraram-se no objectivo de conseguir dinheiro para fazer as obras e reabrir a sede. Traçaram-se metas de recolha de fundos, fizeram-se jantares, festas e arraiais.
De todas as iniciativas realizadas, Manuel Almeida destaca as exposições e os leilões de obras de arte. Centenas de artistas, conta o membro da DORVIC, ofereceram ao Partido as suas obras. Entre as quais um «desenho da prisão» original, cedido por Álvaro Cunhal, e um desenho em papel vegetal feito pelo famoso arquitecto brasileiro Oscar Niemeier.
Apesar do sucesso da campanha de fundos (angariou-se cerca de 24 mil contos), o processo de reabertura do Centro de Trabalho «foi-se arrastando», conta Manuel Almeida. Foi necessário pagar as eleições autárquicas de 2001 e adquirir um armazém para instalar a tipografia. Somando processos com a autarquia e problemas com o IPPAR, as obras apenas se iniciaram em Outubro de 2004.
Mas o dinheiro disponível era ainda insuficiente e foi necessário tomar medidas «duras para todos». E optou-se por vender o segundo andar a particulares. Mas, frisou, «continuamos a ter duas lojas no rés-do-chão, para alugar, e o pátio interior é para uso exclusivo do Partido, bem como o pavilhão de trás». O primeiro andar tem três gabinetes de trabalho e «uma boa sala de reuniões», realça o dirigente comunista.